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PROJETO

"GÊNERO E SEXUALIDADE, O QUE A GEOGRAFIA TEM COM ISSO?"

PROJETO

"GÊNERO E SEXUALIDADE, O QUE A GEOGRAFIA TEM COM ISSO?"

ACERVO DE PROJETOS SOBRE GÊNERO, SEXUALIDADE E FEMINISMO DESENVOLVIDOS EM ESCOLAS

PROJETO

"MULHERES NA HISTÓRIA"

PROJETOS

"MOSTRATEC 2015"

PROJETO

"MULHERES INSPIRADORAS"

PROJETO

"PODER DO CRESPO E O EMPODERAMENTO"

PROJETO

"PODER DO CRESPO E O EMPODERAMENTO"
"MULHERES NA HISTÓRIA"

PROJETO

"GÊNERO: O X DA QUESTÃO"

PROJETO

"GÊNERO: O X DA QUESTÃO"
"MULHERES NA HISTÓRIA"

PROJETO

"DIVERSIDADE DE GÊNERO: MUDANÇAS DE PARADIGMAS NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA"

PROJETO

"DIVERSIDADE DE GÊNERO: MUDANÇAS DE PARADIGMAS NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA"

PROJETO

"DISCUTINDO GÊNERO NA ESCOLA: O DESAFIO DA CONSTRUÇÃO DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EMANCIPATÓRIAS"

PROJETO

"DISCUTINDO GÊNERO NA ESCOLA: O DESAFIO DA CONSTRUÇÃO DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EMANCIPATÓRIAS"

PROJETO

"EDUCAÇÃO PARA A EQUIDADE DE GÊNERO: MULHERES PROTAGONISTAS DE SUA HISTÓRIA"

PROJETO

"ESCOLA SEM HOMOFOBIA: REFLETINDO SOBRE CONCEITOS, PRECONCEITOS, POSTURAS E VALORES"

PROJETO

"ESCOLA PROMOTORA DA IGUALDADE DE GÊNERO"

TEATRO

"MULHERES NA CIÊNCIA"

PROJETO

"MULHERES NA CIÊNCIA"

PROJETO

“DIVERSIDADE NA ESCOLA”

PROJETO

“DIVERSIDADE NA ESCOLA”

PROJETO

“MULHERES NEGRAS IMPORTANTES DA NOSSA HISTÓRIA”

PROJETO

“MULHERES NEGRAS IMPORTANTES DA NOSSA HISTÓRIA”

PROJETOS

"ELAS NAS EXATAS 2017"

PROJETO

"ELAS NAS EXATAS 2017"

PROJETOS

"ELAS NAS EXATAS 2018"
"ESCOLA INCLUSIVA"

PROJETO

"ELAS NAS EXATAS 2018"

PROJETO

"ESCOLA INCLUSIVA"

PROJETO

"MENINAS NO MUSEU DE ASTRONOMIA E CIÊNCIAS AFINS"

PROJETO

"MENINAS NO MUSEU DE ASTRONOMIA E CIÊNCIAS AFINS"

PROJETO

"LUTAR TAMBÉM É PRA MENINAS"

PROJETO

"LUTAR TAMBÉM É PRA MENINAS"

Este é um acervo de projetos já desenvolvidos em escolas brasileiras, sendo alguns projetados por professoras(es) isoladas(os), outros pelas escolas como um todo e outros ainda que surgiram por propostas de alunas(os). Alguns desses projetos são, na verdade, mostras ou premiações que agregam vários projetos dentro deles, como é o caso da “Mostratec 2015” e o “Elas nas exatas 2017” e “Elas nas exatas 2018” que aqui foram reunidos por questões organizacionais e estéticas.

Para saber sobre cada um dos projetos (a escola em que foi desenvolvido, a cidade, o ano e a proposta do projeto) basta clicar na caixa que o contêm que abrirá um resumo dos projetos e alguns links para mais informações (para celulares é preciso clicar mais de uma vez) .

Ao final da lista há também as análises que desenvolvi a partir da leitura (uma leitura feminista) desses projetos. – Clique aqui para pular direto para as análises.

PROJETO

“TIME DE FUTEBOL PODER FEMININO”

PROJETO

“TIME DE FUTEBOL PODER FEMININO”

PROJETO

"#NATIVASDIGITAIS"

PROJETO

"#NATIVASDIGITAIS"

PROJETO

"ESCOLA LILÁS"

PROJETO

"ESCOLA LILÁS"

PROJETO

"RODA DAS MINA"

PROJETO

"RODA DAS MINA"
"ESCOLA INCLUSIVA"

PROJETO

"UMA ABORDAGEM DE IDENTIDADE DE GÊNERO E SEXUALIDADE"

PROJETO

"UMA ABORDAGEM DE IDENTIDADE DE GÊNERO E SEXUALIDADE "

PROJETO

"PAPEIS SOCIAIS: MUDANÇAS E PERMANÊNCIAS NO SÉCULO XX E XXI"

PROJETO

"PAPEIS SOCIAIS: MUDANÇAS E PERMANÊNCIAS NO SÉCULO XX E XXI"

PROJETO

"SEREIA"

PROJETO

"SEREIA"

PROJETO

"A LUTA DAS MINORIAS E O PROCESSO DE EMANCIPAÇÃO DAS CLASSES MINORITÁRIAS"

PROJETO

"A LUTA DAS MINORIAS E O PROCESSO DE EMANCIPAÇÃO DAS CLASSES MINORITÁRIAS"

GALERIA DA IMAGENS

Projeto #NativasDigitais

Elas nas Exatas- Projeto Empoderadas

Projeto Mulheres Inspiradoras

Projeto Escola Acolhedora

Elas nas Exatas - Projeto Empoderada

Projeto Papeis Sociais: mudanças e permanências nos séculos XX e XXI

Projeto Papeis Sociais: mudanças e permanências nos séculos XX e XXI

Projeto Meninas no Museu de Astronomia e Ciências Afins

Projeto Meninas no Museu de Astronomia e Ciências Afins

Projeto Poder do Crespo e Empoderamento

Mostratec 2015- O Feminismo e a Moda

Projeto Mulheres Inspiradoras

Elas nas Exatas- Projeto Empoderadas

Mostratec 2015 - Manifesto contra o Machismo

Projeto lutar também é para meninas

Elas nas Exatas - Projeto "Elas nas Ciências"

Elas nas Exatas - Projeto Oguntec

ANÁLISES

O QUE ESSES PROJETOS TEM A NOS DIZER?

Em tempos de retrocessos, onde grupos conservadores defendem projetos de escola em que seriam cortados todos os debates que não se encaixam em sua agenda partidária, religiosa e moralista, é preciso, mais do que nunca, resistir. Os projetos aqui reunidos resistem de formas múltiplas e nos apresentam uma pluralidade de formatos, conteúdos e meios de inserir no ambiente escolar discussões a respeito das temáticas de gêneros, sexualidades e feminismos, mas, mais do que isso, de também trazer a tona as relações que as alunas e alunos mantêm diariamente com estas questões em suas vidas. Um dos argumentos utilizados por projetos como o “Escola sem partido” que pregam que discutir questões de gênero nas escolas seriam parte de doutrinação partidária de jovens e crianças. No entanto, não falar sobre estas questões é desconsiderar que elas estão perpassando todas as relações que alunas, alunos, professoras e professores mantêm dentro da escola – sejam elas mulheres e homens cis, heterossexuais ou LGBTs.

Além disso, como defende a bióloga e antropóloga Donna Haraway, todo o conhecimento que é passado nas escolas, por mais neutro e científico que pareça, é produzido por pessoas com corpos, com gênero, raça, sexualidade e tudo aquilo que produz é informado pelas Corporalidades e interseccionalidades que o compõem. Portanto, não discutir gênero nas escolas, não faz com que a escola, o currículo e os conteúdos não sejam generificados, mas sim que apenas as identidades e sexualidades normativas sejam permitidas e que as violências contra mulheres e pessoas LGBTs permaneçam sem problematizações.Uma vez que admitamos que a escola é, emtodos os seus sentidos e meios, perpassada por gênero, por raça, por sexualidades e classes, é preciso utilizar isto politicamente na luta por uma escola e uma sociedade mais igualitária, mais respeitosa com as diferenças e mais comprometida com as estas causas. É preciso, portanto, discutir a respeito das sexualidades que operam fora da heteronormatividade, das identidades de gênero que transgridem a cisgeneridade e das lutas feministas que resistem às imposições patriarcais reivindicando igualde de direitos e reinventam existências e formas de ser mulher.

É a partir dessas necessidades e lutas que estes projetos nasceram em 18 Estados das 5 regiões brasileiras, versando sobre temáticas variadas. Uma primeira questão que me pareceu central, a partir da leitura e análise desses projetos, é uma preocupação em discutir violências contra mulheres e LGBTs, machismos, assédios e homofobias, de forma a incentivar o diálogo e, através de debates, promover o respeito dentro do ambiente escolar.Esses projetos tem como base a luta pelo fim das desigualdades de gênero, mas também das violências misóginas e LGBTfóbicas às quais Butler (      se refere enquanto as formas pelas quais as regulações de gênero tentam garantir a norma, nos ensinando e fazendo performar masculinidades e feminilidades que não só correspondam ao nosso sexo biológico (cisgeneridade) como tenham também uma correlação imediata com nossos desejos e afetos (heteronormatividade).Nestes projetos, muitas vezes foi preciso promover amplos debates e palestras (ou utilizar de recursos áudio-visuais) para apresentar gêneros e sexualidades não-normativos de forma responsável (e não detrupada como genralmente nos é apresentada pela sociedade), para só então desconstruírem preconceitos. A troca da “tolerância”, pelo “respeito” às diferenças aparece como carro chefe de muitos dos projetos de escolas que se propõem mais acolhedoras, igualitárias e engajadas. 

Outro ponto que apareceu com grande recorrência nos projetos é a necessidade de incentivo e inserção de alunas mulheres nas áreas de ciências exatas e tecnológicas, e que é, inclusive, o foco orientador de um grande fundo de financiamentos de projetos chamado “Elas nas Exatas” e que desde 2017 vem financiando projetos em todo o Brasil. Esta temática me pareceu central tanto pela quantidade de projetos com este foco, mas também pela importância e urgência deste debate. Como bem nos mostram as teóricas Fox Keller (2006), Donna Haraway (2009) e outras feministas decoloniais como Maria Lugones, ao longo da história a modernidade implementou uma série de sistemas dualistas e binários conectados e violentamente impostos, nos quais as mulheres foram sendo associadas à vida doméstica, à esfera privada, à emoção e à natureza em contraposição ao homem que foi/é associado à esfera pública, às ciências duras, à cultura e à racionalidade. Neste mesmo movimento, por séculos houve uma sistemática exclusão de mulheres e de pessoas negras da produção científica e das ciências exatas o que resultou na produção de uma ciência masculinista, branca e cujos pressupostos que a embasam são amparadas pelas heterossexualidades masculinas e brancas de seus autores. Portanto, os projetos que propõem o incentivo e a inserção de mulheres em pesquisas de ciências exatas e tecnológicas, como a Astronomia, a programação, a física e a química, são projetos que além de promover oportunidades para jovens mulheres, de subverter os dualismos e binarismos violentos de gênero da modernidade, também ajudam a construir novas produções científicas, por novos corpos e que estarão, portanto, amparadas em pressupostos outros.

Há ainda um terceira questão que aparece bastante é a desconstrução dos papeis de gênero pré-estabelecidos – coisas de menina e coisas de menino – e dos preconceitos e desigualdades que acompanham estas separações, como por exemplo a questão do trabalho doméstico ser tarefa atribuída somente às garotas. Muitos projetos, portanto, visam fazer a distinção entre sexo biológico e gênero, enquanto algo socialmente construído, para mostrar que essas atribuições e diferenciações que fazemos entre homens e mulheres na sociedade são escolhas sociais e históricas e culturalmente produzidas. Há ainda alguns outros projetos, embora tenha sido mais comum em planos de aula e discursos dos coletivos auto-organizados, que vão um pouco mais longe e problematizam a própria noção de sexo biológico e a distinção binária entre dois sexos enquanto um processo socialmente informado e não puramente biológico. Estes últimos vão em direção ao que chamamos dos feminismos de terceira onda, ou pós-modernos, em que teóricas como Judith Butler, Fabíola Rohden, Anne-Fausto Sterling, Fox Keller e Donna Haraway nos mostram como nossas noções acerca dos corpos e da biologia também foram historicamente produzidos a partir de noções e estereótipos de gênero.

Outra questão que foi amplamente abarcada por inúmeros projetos e que deve ser sempre central em qualquer trabalho a respeito de gênero é a questão das interseccionalidades. Embora esse fosse um debate necessário em todo e qualquer projeto, me deixou muito esperançosa que pelo menos 11 projetos tenham a questão da raça, das mulheres negras e do feminismo negro como centrais.

Sara Lewis (2017) defende a interseccionalidades enquanto “interação complexa entre uma gama de discursos, instituições, identidades e formas de exploração que estruturam subjetividades (e as relações entre elas) em maneiras elaboradas, heterogêneas e frequentemente contraditórias.”Os estudos decoloniais e as feministas decoloniais como Maria Lugones (2015) e Ochy Curiel (2007) defendem que, uma vez que as colonialidades de gênero, de raça e de classe se impuseram de forma articulada e intrínseca na construção da modernidade (e em sua imposição no Encontro colonial), é impossível pensar qualquer uma dessas questões separadas. O que defendem é que as relações e corporalidades de cada pessoa e dos grupos estão transpassadas por cada uma dessas questões e que são questões que caminham sempre juntas. Desta forma, na construão de corpos e sujeitos ao longo de nossa história, a exclusão e violência contra o povo negro e a subjulgação das mulheres, articuladas, produziram uma exclusão interseccionada e ainda mais potente de mulheres negras. A luta pelo fim de tal exclusão deve ser o foco dos feminismos que se propõem a entender as mulheres não simplesmente como um bloco homogêneo fruto de uma mesma biologia, mas sim enquanto sujeitos plurais, interseccionados, produzidos historicamente e que devem se unir, separar e reorganizar de acordo com suas afinidades (como defende Haraway), suas histórias e suas políticas.

Com relação aos formatos e meios pelos quais os projetos se apresentam, é possível ver também uma ampla gama de possibilidades. Dentro das possibilidades de materiais, os projetos utilizam filmes, livros, músicas, artigos, documentários, poemas e o ciberespaço para explorar as temáticas das mais variadas formas e apresentar às alunas e alunos produções que abarquem e expliquem estas questões, algumas problematizando preconceitos, outras apresentando e desmistificando outras possibilidades de ser e gostar, outras trazendo á tona as histórias de grandes mulheres cujas trajetórias foram silenciadas ou nunca antes contadas. Além disso, os formatos de apresentação dos projetos também variam muito: palestras, aulas expositivas, debates em sala, rodas de conversa no contra-turno, atividades práticas, oficinas e intervenções no espaço escolar. No entanto, uma atividade que de alguma forma se fez em todos os projetos e me pareceu ser central em vários deles são as rodas de conversa e os debates em sala de aula.  Creio que isto seja essencial para o desenvolvimento de qualquer projeto de gênero, feminismos e sexualidade, pois estes não são assuntos a que se possam permitir apenas aulas expositivas ou algo que se descole da vida cotidiana e das experiências das professoras, professores, alunas e alunos. Estas são questões que permeiam as vidas de cada uma delas e deles, todos os dias, a cada instante e que tentam moldar suas existências dentro da sociedade e, portanto, não só as alunas e alunos têm muito a contribuir em termos de experiências, de opiniões e de lutas das quais possam vir a participar ou concordar, mas também é necessário trazê-los para o debate de forma que se engajem efetivamente com as causas e problemas que os permeiam.

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