QUEM SOU EU?
Meu nome é Flora, sou estudante de Antropologia na UFMG e trabalho com as temáticas de gênero e sexualidade, com enfoque em estudos sobre feminismo e lesbianidade.
Além disso sou mulher lésbica, militante feminista e pretendo dar aula no Ensino Médio algum dia, trazendo as questões de gênero pra dentro de sala de aula, esse ambiente tão plural e central na vida de tantos jovens.
Enquanto jovem sapatãozinha no Ensino Médio, minha experiência na escola não foi das mais fáceis: Colegas que me provocavam; professoras(es) que não me apoiavam, não sabiam lidar com minha sexualidade e não foram capazes de apresentar projetos que debatessem gêneros e sexualidades para além da cisgeneridade heterossexual e machista ou possibilidades de lutas feministas; diretoras(es) que me puniram por ser lésbica ao invés de me apoiar. Nada disso ajudou na minha vivência e permanências escolar e na de tantas outras mulheres e pessoas LGBTs.
Portanto, para além de um tema de estudo, de um trabalho acadêmico e de um projeto político, este site é também fruto de uma história pessoal, resultado de uma urgência que muito me afligiu na adolescência e que hoje, com este acervo em mãos, me faz pessoalmente esperançosa.
Além disso, acho importante dizer também como esse projeto me afetou. Há uma importante antropóloga chamada Jeanne Favret-Saada que nos alerta para a importância de sermos afetados pelos contextos que pesquisamos e, mais do que isso, que deixemos claro como aquilo nos impacta, pois isso é não só relevante, mas essencial na própria construção e compreensão do que produzimos.
É por isso que venho aqui expôr minhas lágrimas.
É por isso que venho lhes contar que cada foto de alunas organizadas, cada depoimento de meninas-mulheres, cada proposta bem-sucedida, cada professora que peitou o sistema (escolar; patriarcal) e inovou, cada aluna que propôs mostrar novas formas de ser mulher, cada mulher respeitada dentro de uma escola, cada lésbica integrada e feliz me fizeram chorar. Chorei tantas vezes ao longo desse levantamento que tive de começar a fazê-lo nas madrugadas pra que ninguém me visse.
É com muito orgulho que reúno aqui os trabalhos lindos e corajosos de tantas pessoas, de forma a que possamos sim estar atentas aos retrocessos e às amarras do patriarcado, mas que estejamos também esperançosos e munidos de possibilidades de luta e resistência.